Às vezes, o tempo passa de tal forma que, quando paramos para olhar para trás, parece que as memórias de algumas pessoas se vão dissipando, como uma fotografia que, aos poucos, vai perdendo a cor. Um dos temas presentes neste blog é a perda de uma grande amiga. E não é que a vida é tão cíclica que há coisas que se transformam e até voltam a repetir? Mas bem voltando a esta análise do BrokenStrings...
Sobre a perda de uma grande amizade, percebo que a dor ainda está lá, viva, como uma sombra que teima em não desaparecer. A saudade que sinto é, ao mesmo tempo, doce e amarga, e faz-me pensar em tantas coisas que talvez nunca tenha dado a devida atenção.
Há saudades... do "Amo-te" que antes tinha tanto significado e que, com o tempo, se foi tornando apenas um eco vazio, repetido de forma quase automática. O "Amo-te" de hoje parece tão comum, tão banal, que perdeu o peso que carregava. Talvez tenhamos confundido a frequência com a profundidade, e, no fim, as palavras acabam por ser só palavras, vazias de sentimento.
Também dou por mim a pensar em como as pessoas, por vezes, desaparecem da nossa vida sem sequer nos apercebermos. O tempo e as distâncias fazem com que nos percamos no quotidiano e, sem querer, vamos deixando de saber como as pessoas realmente estão. Não porque não nos importamos, mas porque ficamos tão focados nas nossas próprias rotinas que nos esquecemos de perguntar, de dar atenção aos pequenos detalhes, àqueles gestos que nos faziam sentir conectados. Um simples "como estás?" parece ter sido substituído por um "estás bem?" superficial, e a troca de palavras parece ter-se tornado um hábito vazio, sem a intenção genuína de nos importarmos de verdade.
Às vezes, penso que a vida seria bem diferente se, desde o início, déssemos mais valor às pequenas coisas. Aquelas conversas à toa, os risos espontâneos, os momentos partilhados sem pressa, sem esperar algo em troca. Acredito que, na nossa correria diária, nos esquecemos de cultivar estas coisas simples e preciosas, e talvez seja isso o que causa a dor quando percebemos que algo se perdeu ao longo do caminho. Porque o que realmente faz a diferença numa amizade não são as grandes declarações, mas os pequenos gestos que vão criando uma base sólida, invisível aos olhos, mas tão forte para o coração.
Hoje, sinto que há uma falta de preocupação em manter as amizades vivas. O "para sempre" que tantas vezes ouvimos na nossa juventude soa tão distante e irreal. O "para sempre" desfaz-se no momento em que a vida segue, quando as prioridades mudam, quando as distâncias se alargam e os silêncios se instalam. E é nesse momento que percebemos que, talvez, o "para sempre" não seja tão eterno quanto imaginávamos.
A dor de perder algo tão significativa é uma sensação difícil de descrever, porque não se trata apenas de um vazio, mas de uma perda que se vai acumulando aos poucos, até que, um dia, nos damos conta de que já não há espaço para aquela pessoa ou para nós, e ela se torna uma lembrança distante, quase uma saudade impossível de preencher. E o que resta são os momentos, aqueles pequenos detalhes que um dia foram tudo e que hoje se tornam recordações, memórias no Facebook, que, por mais que se tentem resgatar, parecem sempre escorregar entre os dedos.
O "para sempre" é um conceito bonito, mas, infelizmente, não é eterno. E a perda de uma amizade ensina-nos isso da forma mais dolorosa. Ensina-nos a importância de dar valor aos pequenos gestos, de manter as palavras genuínas e, principalmente, de nunca deixar que o tempo e a distância nos façam esquecer o que realmente importa: o cuidado e a dedicação que colocamos nas pessoas que realmente valem a pena.
Hoje, a saudade é o que resta, mas ela carrega em si também uma aprendizagem. Hoje sei que devemos cuidar das nossas pessoas enquanto ainda podemos, e não esperar que o "para sempre" se torne uma ilusão que só existe nos nossos sonhos. Porque, no final do dia, é o que se faz enquanto estamos juntos que se torna eterno no coração.