Vivemos numa era em que tudo acontece a uma velocidade alucinante. Mensagens instantâneas, notificações constantes, estímulos sem fim. Parece que estamos sempre a correr atrás de qualquer coisa — trabalho, sonhos, obrigações — e, no meio desta pressa, esquecemo-nos do mais simples: ouvir verdadeiramente o outro.
Quantas vezes já estiveste numa conversa em que percebeste que a pessoa estava apenas a aguardar a sua vez para responder? Não porque estivesse interessada em sentir contigo, mas porque queria acrescentar algo, dar a sua opinião, preencher o silêncio. O diálogo transforma-se num pingue-pongue de palavras sem profundidade, onde ninguém se coloca realmente no lugar do outro.
O problema não é só a falta de tempo. É também a falta de presença. Estar presente não é apenas estar fisicamente ali, a acenar com a cabeça. Estar presente é assimilar o que o outro diz, é parar por uns segundos o turbilhão da nossa mente e deixar espaço para sentir aquilo que o outro sente.
Infelizmente, estamos a treinar-nos para ouvir apenas para responder. Perdemos a capacidade de ouvir para compreender. A empatia fica em segundo plano, quase esquecida, porque o mundo nos convenceu de que é mais importante ter uma resposta rápida do que uma escuta atenta.
Talvez o desafio maior seja este: abrandar. Aprender a fazer pausas nas conversas, a permitir silêncios, a fazer perguntas que não sirvam apenas para continuar o diálogo, mas que abram portas para a intimidade, para o verdadeiro encontro.
Se calhar precisamos de nos lembrar de que, no fundo, todos queremos a mesma coisa: sermos ouvidos, compreendidos, acolhidos. E, para isso, basta começar pelo mais simples — ouvir não apenas com os ouvidos, mas com o coração.