14 maio, 2025

A falta que fica

Estar num lugar onde alguém diz "só faz falta quem está" é como ouvir um eco que não reconhece a tua dor.
Como se a ausência fosse um detalhe, e não o espaço vazio que grita em silêncio.

Dizem que só faz falta quem está, mas eu sinto falta de quem não está.
De quem partiu, de quem se afastou, de quem a vida levou para longe.
E essa falta não se preenche com presenças novas, com sorrisos desconhecidos ou com conversas superficiais.
Essa falta é uma saudade que mora no peito, que aperta sem avisar, que se esconde nas entrelinhas do dia-a-dia.

O saudosismo, esse apego ao passado, é muitas vezes visto como um obstáculo ao progresso.
Mas talvez seja apenas a forma que encontramos para manter vivos aqueles que amamos.
Uma tentativa de eternizar momentos, de segurar memórias que o tempo insiste em levar.

E quando alguém diz "só faz falta quem está", eu sorrio por fora, mas por dentro, a saudade grita.
Porque sei que há ausências que nunca serão preenchidas, e tudo bem.
Porque sentir falta é amar, é lembrar, é honrar.

Então, mesmo que o mundo insista em seguir em frente, eu permito-me olhar para trás.
Permito-me sentir, chorar, recordar.
Porque no fundo, a saudade é a prova de que algo foi real, de que alguém foi importante, de que a vida foi vivida intensamente.

E se isso é saudosismo, então que seja.
Porque prefiro viver com a lembrança do que foi, do que fingir que nunca aconteceu.